Como não amar os livros?
Marilena Chauí escreveu que, "ler é suspender a passagem do tempo". A imaginação, sempre ela, companheira fiel da fantasia. Sem elas, seria triste e insuportável o fardo do mundo da realidade, da mesmice.
Imaginação é pensamento livre.É o que a criança exercita e tem de sobra.Por toda a vida é nossa maior dádiva, é onde mora nossa verdadeira liberdade. O mundo das idéias. É lá que essa criança que um dia fomos se esconde e, às vezes, aparece para nos lembrar que continuamos a ser crianças com um pouco mais de idade.
Lembro que aos quatro ou cinco anos, ainda não era alfabetizada e já pedia ao meu pai, um livro. Era muito sozinha, pois meu único irmão é cinco anos mais novo. Naquela época, as crianças desta idade ainda não sabiam ler, assim, fiquei apenas olhando para o livro e rabiscando-o, mas inconscientemente algo em meu interior dizia que um dia eles seriam meus grandes companheiros.
Foi na escola que tive a oportunidade de ler verdadeiramente. Lia tudo: os livros de história, ciências, gramática, enfim, tudo o que era oferecido e pedido, pois era a época da ditadura e líamos o que o professor determinava e,geralmente, literatura nacional. Preciso destacar o atlas geográfico que decorei de cabo a rabo. Meu pai, muito orgulhoso, quando tinha alguma visita, pedia para que eu enumerasse o nome dos planetas e capitais do Brasil ou de outros países.
Vivi a juventude da década de 70, quando existia o "Círculo do Livro". Era sócia e sempre escolhia dois ou três por mês: os livros de auto-ajuda..."O poder do Subconsciente"... e aqueles que li duas ou três vezes? "Éramos Seis", "O Crime do Padre Amaro", "Admirável Mundo Novo", "O Outro Lado da Meia-Noite"...
Hoje não tem mais o Círculo do Livro, mas tem os programas de tarde com alguém divulgando seu livro. Alguns compro, dependendo do assunto. Puxa! Agora leio muito menos. Será que o motivo é a televisão e o computador que me roubaram o tempo para os livros?
O Computador... não sei ler um livro na tela do computador, não! Meus olhos já se incomodam com a claridade. Prefiro o livro de papel, com capa, orelha, contra-capa, aquele que deixamos do lado da cama para ler antes de dormir.
Preciosa foi a definição de Contardo Calligaris, quando diz que "a função essencial da literatura, é a de libertar o ser humano, pois ela é o catálogo das vidas possíveis e impossíveis.
Que saudade dos catálogos do Círculo do Livro! Eles me ajudavam a escolher algumas vidas diferentes para experimentar.
LUÍZA MARIA DELFINO GIMENES
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